Publicado em:
23/8/2024
A comparação entre Ozempic e Mounjaro tem despertado interesse crescente entre pessoas que buscam alternativas eficazes para emagrecimento e controle do diabetes. Ambos medicamentos revolucionaram o tratamento da diabetes tipo 2 e mostraram resultados impressionantes na perda de peso. Mas qual deles é realmente superior? Vamos analisar as evidências científicas.
O Ozempic é um medicamento injetável que contém semaglutida como princípio ativo, uma substância que pertence à classe dos agonistas do receptor GLP-1 (peptídeo semelhante ao glucagon tipo 1). Este medicamento foi desenvolvido pela farmacêutica dinamarquesa Novo Nordisk especificamente para o tratamento do diabetes tipo 2.
A semaglutida é uma versão sintética do hormônio GLP-1, naturalmente produzido pelo intestino em resposta à ingestão de alimentos. Este hormônio desempenha papel crucial na regulação da glicemia pós-prandial e no controle do apetite, tornando-se um alvo terapêutico valioso.
Quando administrado, o Ozempic estimula a liberação de insulina de forma glicose-dependente, ou seja, apenas quando os níveis de açúcar no sangue estão elevados. Isso reduz significativamente o risco de hipoglicemia, uma vantagem importante sobre outros medicamentos antidiabéticos.
Além disso, a semaglutida inibe a liberação de glucagon, hormônio que eleva a glicemia, e retarda o esvaziamento gástrico, prolongando a sensação de saciedade e reduzindo naturalmente a ingestão calórica.
Os estudos clínicos do Ozempic demonstraram resultados consistentes tanto para controle glicêmico quanto para perda de peso. No programa de estudos SUSTAIN, que incluiu mais de 8.000 pacientes, a semaglutida mostrou redução média de hemoglobina glicada (HbA1c) entre 1,2% a 1,8%.
Para perda de peso, os resultados do Ozempic variam conforme a dose utilizada. Na dose de 1 mg semanal (máxima aprovada para diabetes), a perda de peso média observada foi de 4,2 a 6,3 kg ao longo de 68 semanas, representando aproximadamente 4,5% a 6,9% do peso corporal inicial.
Um dado importante é que aproximadamente 50% dos pacientes em uso de Ozempic alcançaram perda de peso clinicamente significativa (≥5% do peso inicial), enquanto cerca de 20% perderam mais de 10% do peso corporal.
A manutenção dos resultados mostrou-se dependente da continuidade do tratamento, com recuperação gradual do peso quando o medicamento é descontinuado, evidenciando a necessidade de uso prolongado para benefícios sustentados.
O Mounjaro representa uma evolução significativa no tratamento do diabetes tipo 2 e obesidade. Desenvolvido pela farmacêutica americana Eli Lilly, contém tirzepatida como princípio ativo, sendo o primeiro agonista dual dos receptores GLP-1 e GIP aprovado para uso clínico.
A tirzepatida atua simultaneamente em dois sistemas hormonais complementares: o GLP-1, já conhecido pelos efeitos do Ozempic, e o GIP (polipeptídeo insulinotrópico dependente de glicose), que potencializa ainda mais os efeitos metabólicos benéficos.
O receptor GIP está amplamente distribuído no tecido adiposo, músculo esquelético e sistema nervoso central, áreas cruciais para o metabolismo energético. Sua ativação contribui para melhor sensibilidade à insulina, maior gasto energético e controle mais refinado do apetite.
Esta ação dupla resulta em efeitos sinérgicos que superam os benefícios observados com agonistas únicos do GLP-1, explicando a superioridade do Mounjaro em diversos parâmetros metabólicos comparado ao Ozempic.
O programa de estudos SURPASS avaliou a eficácia da tirzepatida em mais de 15.000 pacientes com diabetes tipo 2. Os resultados demonstraram superioridade consistente do Mounjaro sobre outros medicamentos antidiabéticos, incluindo a semaglutida.
No estudo SURPASS-2, que comparou diretamente tirzepatida com semaglutida, o Mounjaro mostrou reduções superiores na HbA1c em todas as doses testadas. A redução máxima observada foi de 2,3% com tirzepatida 15 mg, comparada a 1,9% com semaglutida 1 mg.
Para perda de peso, os resultados do Mounjaro são ainda mais impressionantes. No estudo SURMOUNT-1, que avaliou especificamente a eficácia para emagrecimento, a tirzepatida promoveu perda média de peso entre 16% a 22,5% dependendo da dose, com alguns pacientes perdendo mais de 25% do peso inicial.
Estes resultados posicionam o Mounjaro como o medicamento mais eficaz disponível atualmente para perda de peso, superando significativamente os resultados do Ozempic e de outras opções terapêuticas.
A comparação direta entre Ozempic e Mounjaro para controle do diabetes tipo 2 mostra vantagem consistente para a tirzepatida. No estudo SURPASS-2, que incluiu 1.879 pacientes, o Mounjaro demonstrou superioridade em todas as doses testadas.
Pacientes usando tirzepatida 5 mg alcançaram redução média de HbA1c de 1,9%, comparado a 1,5% com semaglutida 1 mg. Com doses maiores de tirzepatida (10 mg e 15 mg), as reduções foram ainda maiores, chegando a 2,1% e 2,3% respectivamente.
Além da redução absoluta da HbA1c, mais pacientes em uso de Mounjaro alcançaram metas terapêuticas rigorosas. Aproximadamente 87% dos usuários de tirzepatida 15 mg atingiram HbA1c <7%, comparado a 79% com semaglutida.
A proporção de pacientes que alcançaram HbA1c <5,7% (faixa não diabética) também foi superior com tirzepatida: 35% versus 18% com semaglutida, sugerindo potencial para remissão funcional do diabetes em alguns casos.
A diferença mais marcante entre Ozempic e Mounjaro está nos resultados de perda de peso. Enquanto o Ozempic promove perda média de 4,5% a 6,9% do peso corporal, o Mounjaro pode alcançar reduções de 16% a 22,5%.
No estudo SURMOUNT-1, após 72 semanas de tratamento, pacientes usando tirzepatida 5 mg perderam em média 16% do peso corporal, aqueles com 10 mg perderam 19,5%, e os com 15 mg perderam 22,5%. Estes números superam significativamente os resultados do Ozempic.
A perda de peso com Mounjaro também se mostrou mais rápida, com diferenças significativas aparecendo já nas primeiras 12 semanas de tratamento. Esta rapidez inicial pode ser importante para motivação e aderência ao tratamento.
Além da perda de peso total, o Mounjaro mostrou maior eficácia na redução da circunferência da cintura e melhoria da composição corporal, com maior preservação de massa muscular comparado a outros tratamentos para obesidade.
Tanto Ozempic quanto Mounjaro apresentam perfis de efeitos colaterais similares, sendo os efeitos gastrointestinais os mais comuns. Náuseas, vômitos, diarreia e constipação são reportados com frequência similar entre os dois medicamentos.
No estudo SURPASS-2, náuseas foram reportadas por 18% dos pacientes usando tirzepatida 5 mg, 22% com 10 mg e 23% com 15 mg, comparado a 18% com semaglutida 1 mg. Vômitos ocorreram em 6%, 8% e 11% respectivamente com tirzepatida, versus 8% com semaglutida.
A intensidade dos efeitos gastrointestinais geralmente é leve a moderada e tende a diminuir com o tempo. Estratégias como início com doses baixas, aumento gradual e orientações dietéticas podem minimizar significativamente estes efeitos.
Uma observação importante é que pacientes em uso de Mounjaro nas doses mais altas (15 mg) apresentaram maior incidência de descontinuação devido a efeitos adversos (6,2%) comparado ao Ozempic (3,6%), sugerindo menor tolerabilidade em alguns casos.
O Ozempic tem vantagem em termos de dados de segurança a longo prazo, com mais de 5 anos de experiência clínica e estudos de acompanhamento estendido. Estudos cardiovasculares demonstraram não apenas segurança, mas benefícios na redução de eventos cardiovasculares maiores.
O Mounjaro, sendo mais recente, tem dados de segurança limitados a aproximadamente 2-3 anos. Embora os dados disponíveis sejam reasseguradores, estudos cardiovasculares de longo prazo ainda estão em andamento.
Ambos medicamentos apresentam alertas similares sobre potencial risco de pancreatite e carcinoma medular de tireoide, baseados em estudos pré-clínicos. Na prática clínica, a incidência destes eventos raros não mostrou aumento significativo.
Monitoramento regular da função renal é recomendado para ambos medicamentos, especialmente em pacientes que desenvolvem desidratação devido a efeitos gastrointestinais severos.
A escolha entre Ozempic e Mounjaro deve considerar características individuais do paciente, objetivos terapêuticos e tolerabilidade. Para pacientes com diabetes tipo 2 e obesidade severa, onde a perda de peso é prioridade, o Mounjaro pode ser preferível devido à maior eficácia.
Pacientes com história de intolerância gastrointestinal ou que necessitam titulação mais cautelosa podem se beneficiar do Ozempic, que tem perfil de efeitos colaterais ligeiramente mais favorável nas doses terapêuticas usuais.
Para indivíduos com controle glicêmico como objetivo primário e perda de peso como benefício secundário, ambos medicamentos são apropriados, mas o Mounjaro oferece vantagem marginal no controle da HbA1c.
A experiência prévia com agonistas do GLP-1 também pode influenciar a escolha. Pacientes que não responderam adequadamente ao Ozempic podem se beneficiar da troca para Mounjaro devido ao mecanismo de ação adicional.
O Ozempic tem vantagem significativa em termos de disponibilidade, estando presente no mercado brasileiro desde 2019 com distribuição estabelecida. O Mounjaro, embora aprovado pela Anvisa, ainda não está disponível comercialmente no país.
O custo de ambos medicamentos é elevado, representando barreira importante para acesso. O Ozempic pode ter vantagem de custo por estar no mercado há mais tempo, potencialmente com maior competição de preços.
A frequência de aplicação é similar para ambos (semanal), mas o Mounjaro oferece mais opções de dosagem (2,5; 5; 7,5; 10; 12,5; 15 mg) comparado ao Ozempic (0,25; 0,5; 1 mg), permitindo titulação mais refinada.
Considerações sobre cobertura por planos de saúde também podem influenciar a escolha, com o Ozempic tendo maior probabilidade de cobertura devido ao tempo de mercado e evidências consolidadas.
Ambos Ozempic e Mounjaro estão sendo investigados para novas indicações além do diabetes e obesidade. Estudos estão avaliando benefícios potenciais em esteatose hepática, síndrome dos ovários policísticos e até mesmo em algumas condições neurológicas.
Formulações orais de ambos medicamentos estão em desenvolvimento, o que pode revolutionar o tratamento ao eliminar a necessidade de injeções. A semaglutida oral já está aprovada em alguns países, enquanto a tirzepatida oral está em fases iniciais de desenvolvimento.
Combinações com outros medicamentos também estão sendo exploradas, incluindo associações com inibidores SGLT2, insulina basal e outros agentes antidiabéticos para maximizar benefícios terapêuticos.
O desenvolvimento de versões de ação mais prolongada também é uma área ativa de pesquisa, com potencial para aplicações mensais ou até mesmo menos frequentes.
A disponibilidade de medicamentos como Ozempic e Mounjaro está mudando fundamentalmente a abordagem ao tratamento do diabetes tipo 2 e obesidade. A possibilidade de alcançar perda de peso clinicamente significativa com medicamentos está reduzindo a necessidade de cirurgia bariátrica em alguns casos.
Estes medicamentos também estão influenciando as diretrizes de tratamento, com recomendações crescentes para uso precoce em pacientes com diabetes e sobrepeso, em vez de abordagem escalonada tradicional.
A pesquisa sobre biomarcadores preditivos de resposta pode permitir personalização do tratamento, identificando quais pacientes se beneficiarão mais de cada medicamento específico.
O desenvolvimento de programas de apoio ao paciente e estratégias de redução de custos será crucial para democratizar o acesso a estas terapias inovadoras.
O uso de Ozempic ou Mounjaro requer acompanhamento médico rigoroso, preferencialmente por endocrinologista experiente no manejo destes medicamentos. A avaliação inicial deve incluir história clínica completa, exames laboratoriais e rastreamento de contraindicações.
O monitoramento durante o tratamento deve incluir avaliação regular de função renal, sinais de pancreatite e outros efeitos adversos potenciais. Ajustes de dose devem ser baseados em eficácia e tolerabilidade individual.
Educação do paciente sobre reconhecimento de sinais de alerta, técnica de aplicação e manejo de efeitos colaterais é fundamental para sucesso e segurança do tratamento.
A integração com equipe multidisciplinar, incluindo nutricionista e educador físico, potencializa os resultados e promove mudanças sustentáveis no estilo de vida.
Para maximizar os benefícios do Ozempic ou Mounjaro, é essencial combinar o medicamento com modificações sustentáveis no estilo de vida. Isso inclui plano alimentar adequado, rico em proteínas e fibras, com redução apropriada de calorias.
A atividade física regular é crucial, incluindo exercícios aeróbicos e de resistência para preservar massa muscular durante a perda de peso. O exercício também potencializa os efeitos metabólicos dos medicamentos.
Estabelecimento de metas realistas e monitoramento regular do progresso ajuda a manter motivação e identificar necessidade de ajustes no tratamento.
O suporte psicológico pode ser valioso, especialmente para pacientes com histórico de transtornos alimentares ou dificuldades com mudanças comportamentais.
A comparação entre Ozempic e Mounjaro revela que, embora ambos sejam medicamentos altamente eficazes, o Mounjaro demonstra superioridade em termos de perda de peso e controle glicêmico. A tirzepatida, com seu mecanismo de ação duplo, representa uma evolução significativa no tratamento da diabetes tipo 2 e obesidade.
No entanto, o Ozempic mantém vantagens importantes, incluindo maior experiência clínica, dados de segurança mais consolidados e melhor disponibilidade no mercado brasileiro. Para muitos pacientes, continua sendo uma excelente opção terapêutica.
A escolha entre Ozempic e Mounjaro deve ser individualizada, considerando características do paciente, objetivos terapêuticos, tolerabilidade e aspectos práticos como disponibilidade e custo. Ambos medicamentos requerem acompanhamento médico especializado e integração com mudanças no estilo de vida.
O futuro promete desenvolvimentos ainda mais interessantes nesta área, com novas formulações e indicações que podem revolucionar ainda mais o tratamento da obesidade e diabetes. O importante é que os pacientes tenham acesso a essas terapias inovadoras com orientação adequada e uso responsável.
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